Como Mabrian aponta neste estudo, para destinos latino-americanos, a rastreabilidade das emissões de CO2 dos viajantes é um pilar fundamental para o desenho de estratégias de conectividade competitivas que contribuam para o desenvolvimento sustentável do turismo.
Barcelona (Espanha): 31 de julho de 2025.
A racionalização e o planejamento de rotas para voos de longa distância com critérios de eficiência podem ajudar a reduzir a pegada de carbono gerada por viajantes globalmente, como mostra uma análise da Mabrian, uma empresa global de consultoria em inteligência turística e destinos, sobre as emissões de CO2 por passageiro geradas por redes globais de conectividade aérea para sete destinos latino-americanos.
O estudo compara a pegada de carbono por passageiro dos principais destinos da América Latina (Argentina, Chile, México, Brasil, Colômbia, Peru e Uruguai), que juntos representam 98% das chegadas internacionais à região da América Latina e Caribe em 2024, segundo dados da ONU Turismo. Segundo dados da Mabrian, os voos domésticos e internacionais nesses sete países emitiram um total de 38,3 milhões de toneladas de CO2 em 2024, +5,6% a mais que no ano anterior. Como referência, as emissões de CO2 na região do Sul da Europa, que inclui destinos como Espanha, Itália, Grécia, Portugal e Croácia, aumentaram +14% em 2024, totalizando 29,9 milhões de toneladas de CO2.
A pegada de carbono por passageiro é um indicador desenvolvido pela Mabrian que determina a média em quilogramas de CO2 emitido por cada viajante que chega a um destino por via aérea. A proporção é calculada utilizando a metodologia aprovada pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), que considera critérios como o tipo de cabine, a proporção de passageiros por carga do voo e a taxa de ocupação, ou seja, a proporção de assentos ocupados e disponíveis no voo para grupos de rotas específicos.
“A pegada de carbono por passageiro faz sentido no contexto de outros indicadores do impacto do viajante em um destino, como o nível e a distribuição dos gastos”, observa Carlos Cendra, sócio e diretor de Marketing e Comunicação da Mabrian. “Para os destinos, a pegada de carbono não deve ser apenas um critério quantitativo; acima de tudo, deve ser uma ferramenta de rastreabilidade para o desenvolvimento de estratégias de conectividade mais sustentáveis, eficientes e rentáveis.”
“Rotas eficientes”, a chave para reduzir a pegada de carbono por passageiro
A principal conclusão desta análise é que a taxa de emissões por visitante nos países analisados é reduzida graças às rotas de longa distância, que reduziram significativamente as emissões de CO2 nos últimos 12 meses.
“Vários fatores contribuem para que essas rotas aéreas reduzam sua pegada de carbono por passageiro, como a renovação da frota com aeronaves mais modernas e eficientes, o planejamento otimizado da taxa de ocupação e a incorporação de aeronaves maiores, tudo isso respondendo ao objetivo das companhias aéreas de tornar suas rotas mais rentáveis, seja aumentando a receita ou reduzindo custos, especialmente os de combustível, que contribuem para a redução de sua pegada de carbono”, explica Cendra.
Os dados mostram dois cenários: países onde a pegada de carbono por passageiro está diminuindo em comparação ao ano anterior, como Chile (-5,3% em média), Colômbia (-3,9%), Uruguai (-3,4%) e Peru (-0,7%); e destinos como Argentina (+6,3%), México (+4,7%) e Brasil (+1,9%), onde ela está aumentando. A análise dos principais mercados de origem para cada um desses destinos demonstra esse efeito das "rotas eficientes", que contribuem para a redução das emissões de CO2 por passageiro.
A influência das rotas de longo curso é clara, por exemplo, no Chile, o destino latino-americano com a maior redução na pegada de carbono por passageiro dos sete estudados em 2024, graças à contribuição de rotas que geram um maior volume de emissões de CO2, embora estas sejam reduzidas em comparação com o mesmo período do ano anterior. É o caso dos voos da Austrália (-7,9% em relação ao ano anterior), Nova Zelândia (-2,3%) e Espanha (-0,2%), que conseguiram se tornar mais eficientes em relação ao ano anterior.
Outro caso interessante é a Colômbia: neste destino, duas das rotas de longo curso com as maiores pegadas de carbono, Turquia e Alemanha, reduziram suas emissões em -18,8% e -10,7%, respectivamente, em um ano. Cenário semelhante se repete no Uruguai, onde as emissões de CO2 em voos da Colômbia caíram -12,1% em relação ao ano anterior, as da Espanha diminuíram -4,1%, enquanto as dos Estados Unidos e do Panamá permaneceram estáveis.
Reduzir a pegada de carbono é fundamental para a sustentabilidade no turismo porque, de acordo com dados do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), 6,5% das emissões globais de gases de efeito estufa vêm da indústria do turismo, sua cadeia de valor e redes de transporte internacionais e, dessas emissões, 37% vêm do transporte de passageiros.
Nesse sentido, a aviação desempenha um papel muito importante, como refletido pelo Grupo de Ação para o Transporte Aéreo (ATAG) na edição mais recente do relatório Benefícios da Aviação Além das Fronteiras 2024. Este relatório indica que 80% das emissões de CO2 da aviação são geradas por voos que percorrem distâncias superiores a 1.500 quilômetros, para os quais não há outros meios de transporte. Além disso, de acordo com o mesmo estudo, 2,05% das emissões de CO2 geradas pela atividade humana provêm da atividade aérea.
“Nossos dados comprovam que, apesar dos desafios e dificuldades técnicas, tanto as companhias aéreas que operam na América Latina quanto os destinos da região estão alinhados com esse compromisso, embora ainda haja espaço para melhorias”, enfatiza o porta-voz da Mabrian, parte da The Data Appeal Company – Almawave Group. “O próximo passo é treinar ainda mais os destinos sobre como operar com base nesses tipos de indicadores e conscientizar sobre como aplicar inteligência de dados para promover a sustentabilidade, por exemplo, desenvolvendo rotas e estratégias de conectividade que incorporem outros parâmetros de impacto na análise, que respondam tanto aos critérios de crescimento e competitividade quanto ao desenvolvimento sustentável”, conclui.
Fonte: Mabrian Technologies.