A aviação se consolidou como um pilar fundamental do desenvolvimento econômico e social na América Latina. Só na Colômbia, o setor contribui com US$ 15,5 bilhões anuais para o Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, seu crescimento enfrenta desafios significativos relacionados aos altos custos operacionais e às iniciativas legislativas que ameaçam restringir sua competitividade.
Durante o mais recente evento Wings of Change Americas (WOCA), organizado pela IATA em Bogotá, foram compartilhados dados importantes sobre a situação atual do setor na região. Um dos principais focos foi a carga tributária: na América Latina, 40% do custo das passagens aéreas correspondem a impostos e taxas, um percentual significativamente superior à média global de 27%. Essa diferença impacta diretamente a demanda e dificulta o acesso de muitos usuários ao transporte aéreo.
Além disso, a lucratividade das companhias aéreas na região permanece limitada. Enquanto o lucro médio por passageiro em todo o mundo é de US$ 7,2 milhões, na América Latina ele mal chega a US$ 3,4 milhões, comprometendo as oportunidades de investimento e expansão das empresas.
Riscos regulatórios em ascensão
Outra questão crítica é o andamento de projetos legislativos que podem afetar as operações do setor. Na Colômbia, uma proposta que visa impor tetos tarifários e regulamentar o overbooking pode aumentar os preços e reduzir a flexibilidade comercial. Iniciativas semelhantes estão sendo debatidas no Brasil, Chile, México e Peru. Neste último país, uma lei que proíbe a cobrança por marcação de assentos ou bagagem de mão ameaça corroer ainda mais as margens de lucro das companhias aéreas.
O caso do Brasil também é preocupante: uma proposta de reforma tributária que aumentaria o IVA em 26,5% elevaria o custo médio dos voos domésticos de US$ 130 para US$ 160, e dos voos internacionais de US$ 740 para US$ 965. Segundo a IATA, essa medida poderia levar a uma queda na demanda de até 30%.
Infraestrutura: o potencial ainda a ser desenvolvido
Além da regulamentação e dos impostos, a infraestrutura também foi destacada como um fator-chave para o desenvolvimento da aviação na região. Em Bogotá, por exemplo, um estudo conjunto envolvendo a indústria, o governo e a IATA foi realizado há mais de dois anos para otimizar o espaço aéreo e a operação do Aeroporto El Dorado. No entanto, as recomendações do relatório foram implementadas apenas parcialmente até o momento.
"Retomar e avançar com essas propostas é essencial para melhorar a eficiência, reduzir atrasos e aumentar a capacidade operacional", enfatizou a IATA, ressaltando também a necessidade de replicar esses esforços em outros terminais de alta demanda na América Latina.
Um apelo à colaboração
Paula Bernal, gerente nacional da IATA para a Colômbia, enfatizou durante o evento que "a aviação conecta sonhos, negócios e gera bem-estar". Ela também pediu que autoridades, órgãos reguladores e atores sociais trabalhem juntos para criar uma indústria moderna e competitiva, alinhada às necessidades dos usuários.
A aviação tem o potencial de continuar transformando a região, mas isso requer um ambiente operacional justo, sustentável e de longo prazo. A chave será encontrar o equilíbrio certo entre crescimento econômico, acesso dos cidadãos e viabilidade dos negócios.
Fonte: IATA.