Mato Grosso do Sul tem se destacado no cenário nacional e internacional por suas políticas públicas inovadoras voltadas ao turismo sustentável, à valorização cultural e à promoção de novos vetores econômicos. À frente de parte dessas ações, está o vice-governador José Carlos Barbosa — o Barbosinha —, advogado, mestre em Direito Constitucional, professor universitário e ex-prefeito de Angélica, que hoje atua ao lado do governador Eduardo Riedel no comando do Estado.
Em entrevista exclusiva à Travel2Latam, Barbosinha compartilha os avanços e os desafios da gestão estadual para transformar o turismo sul-mato-grossense em modelo de sustentabilidade, inclusão e inovação. Com uma trajetória marcada pela defesa da segurança pública, do saneamento básico e da preservação ambiental, ele fala com entusiasmo sobre as potencialidades da região: do agronegócio que movimenta feiras e a hotelaria, aos investimentos na biodiversidade do Pantanal.
Turismo do agronegócio: quando o campo se torna vitrine tecnológica
“Eventos como a Expogrande, a ExpoAgro Dourados e o Pantanal Tech têm fortalecido municípios com menor vocação turística natural, mas com alto potencial na inovação rural”, destaca Barbosinha. A força do agronegócio no Estado vai além da balança comercial — impulsiona feiras, exposições e congressos técnicos que aquecem o setor hoteleiro e a gastronomia regional.
O chamado turismo agrotecnológico se consolida como um novo eixo econômico.
"O chamado turismo agrotecnológico fortalece, sobretudo, municípios com menor vocação turística natural, mas com forte potencial na produção rural e na inovação do campo", afirma.
Sobre os modais logísticos mais relevantes, Barbosinha é categórico: “Todos têm papel estratégico. O transporte rodoviário integra as regiões de fronteira com Paraguai, Bolívia e Argentina. Já a aviação conecta cidades como Bonito, Corumbá e Dourados ao restante do Brasil. Cada modal atende a uma demanda específica e precisa ser valorizado.”
Campo Grande: da tranquilidade urbana ao palco cultural
Com o projeto MS Ao Vivo, Campo Grande tem ganhado novos contornos como destino turístico. “O foco principal é oferecer lazer à população, mas o projeto também funciona como atrativo complementar aos visitantes”, analisa o vice-governador.
Mas o que vem reposicionando a capital são outras frentes. “A valorização do Bioparque Pantanal, o birdwatching, os parques urbanos e a atmosfera tranquila da cidade fazem de Campo Grande um destino multicultural e de natureza integrada”, observa.
Pantanal e Serra da Bodoquena: conservação como estratégia internacional
As joias naturais do Mato Grosso do Sul estão no radar global — e o governo tem tratado essas regiões com prioridade. “Estamos investindo em infraestrutura, como a pavimentação da MS-178, a Estrada do 21 e a MS-427, que facilita o acesso a balneários e pousadas”, revela.
Para garantir a segurança ambiental e turística, o Estado aposta em programas como o Fundo do Pantanal e o Programa Copaíbas, que fortalece a gestão de áreas de conservação e comunidades tradicionais.
“A Fundação de Turismo lidera um projeto ambicioso: consolidar Mato Grosso do Sul como destino de carbono neutro e inteligente. É um turismo com identidade, controle de capacidade de carga e compromisso com a natureza”, explica Barbosinha.
MS Ativo: o turismo que nasce da escuta e da vocação local
Nem só Bonito ou Pantanal. O programa MS Ativo atua para identificar e desenvolver o potencial turístico de cidades ainda fora do circuito tradicional.
“Trabalhamos com escuta ativa, suporte técnico e orientação para que cada município descubra e desenvolva seu diferencial turístico”, diz Barbosinha. A Fundação de Turismo oferece capacitação e integra essas cidades a rotas já consolidadas.
O objetivo é claro: tornar o turismo um vetor de desenvolvimento local e sustentável em todo o território sul-mato-grossense.
Hotelaria internacional e o novo perfil do investidor ecológico
A chegada de grandes redes hoteleiras está no radar do Estado. “Temos mantido diálogo com grupos nacionais e internacionais interessados em empreendimentos sustentáveis”, revela o vice-governador.
Em 2023, visitas técnicas foram realizadas em diversas regiões — inclusive fora dos destinos mais populares — e o foco, segundo Barbosinha, está em elevar o padrão da hotelaria com responsabilidade ecológica. “Queremos atrair investimentos que respeitem nossa vocação ambiental e ofereçam excelência para turistas do Brasil e do mundo.”
Turismo acessível: inclusão com protagonismo e escuta ativa
O compromisso com a acessibilidade vai além da legislação. Em Mato Grosso do Sul, esse direito tem rosto, voz e coordenação específica dentro da Fundação de Turismo. “Nosso programa estadual de turismo acessível é liderado por uma profissional com deficiência visual, o que reforça o protagonismo e a escuta qualificada”, afirma Barbosinha.
Além do mapeamento de atrativos acessíveis, como foi feito na Serra da Bodoquena, o Estado trabalha na construção das rotas de turismo acessível e na capacitação do trade. “A inclusão precisa ser real, estruturada e humana. É sobre garantir a todos o direito ao lazer, à cultura e à descoberta”, conclui.
Entrevista: Mary de Aquino.
Foto: Divulgação.