A acessibilidade das passagens aéreas continua sendo um desafio estrutural para o desenvolvimento do turismo na América Latina, como demonstrado pela análise das previsões de passagens aéreas para os próximos meses, conduzida pela Mabrian, empresa global de inteligência e consultoria estratégica em turismo. Os dados revelam um cenário misto, com aumentos moderados, reajustes estratégicos e quedas acentuadas, influenciados por fatores geopolíticos e dinâmicas de mercado que podem redefinir a competitividade do turismo regional até o final de 2025.
A Mabrian, parte da The Data Appeal Company – Almawave Group, analisou as previsões de tarifas aéreas médias para viagens nos próximos seis meses em todas as rotas regionais, nos EUA e na Europa, conectando sete destinos importantes na América Latina: Argentina, Chile, Uruguai, Brasil, Colômbia, Peru e México. A análise compara os preços previstos, publicados por agências de viagens online (OTAs), para voos diretos só de ida com o mesmo período em 2024.
Durante a conferência Wings of Change Americas, organizada pela IATA em Bogotá nos dias 25 e 26 de junho, a importância econômica do transporte aéreo na região foi destacada: 8,3 milhões de empregos e US$ 240 bilhões em PIB. No entanto, segundo dados da IATA, os cidadãos latino-americanos realizam, em média, apenas 0,65 voos por ano, muito abaixo dos 2,5 voos na América do Norte ou dos 4,5 na Espanha.
“A conectividade aérea proporciona oportunidades de crescimento econômico, fomenta a mobilidade regional e fortalece a atratividade da América Latina como destino turístico”, explica Carlos Cendra, sócio e diretor de Marketing e Comunicação da Mabrian. “Para impulsionar a demanda por viagens aéreas na América Latina, é crucial expandir as redes de conectividade, permitindo mais participantes e alternativas, e tornando as viagens aéreas mais acessíveis.”
Aumentos moderados e ajustes estratégicos nas taxas nacionais e regionais
De acordo com a análise da Mabrian, o comportamento esperado das tarifas médias em rotas domésticas é diverso. Enquanto Argentina e México registram quedas anuais de -10%, e Colômbia de -6,6%, países como Chile e Brasil registram aumentos superiores a +10%, com aumentos de +11,3% e +12,2%, respectivamente. No caso do Peru, os preços domésticos permanecem relativamente estáveis, com uma variação de apenas +1,7%.
O preço médio dos voos domésticos em países com redes nacionais mais extensas gira em torno de US$ 100: é o caso do Uruguai (US$ 98), Argentina (US$ 105), México (US$ 128) e Brasil (US$ 135), e continua menor na Colômbia (US$ 83), Chile (US$ 69) e Peru (US$ 70), o que, nas palavras da Cendra, "beneficia esses destinos, que estão conseguindo capturar uma fatia maior da demanda regional", diz a Cendra.
Em relação às rotas internacionais dentro da América Latina, as tarifas também apresentam variações, variando de uma média de US$ 245 na Colômbia, US$ 309 no Peru, US$ 419 no Brasil e US$ 474 no México. Na comparação anual, os aumentos médios nas tarifas se destacam na Colômbia (+8,6%) e no Uruguai (+7,8%), enquanto na Argentina (+1,6%), no Peru (+2,3%) e no Chile (+3,6%).
Por outro lado, projeta-se que os preços médios dos voos para outros países latino-americanos cairão no México (-7,1%) e no Brasil (-8,4%), os únicos mercados onde as tarifas médias para conexões inter-regionais excedem US$ 400.
As passagens aéreas para os Estados Unidos diminuem e para a Europa aumentam.
“Nossa inteligência de dados revela uma tendência clara: as tarifas médias nas rotas que conectam a América Latina aos Estados Unidos estão caindo consistentemente, em alguns casos até 50% em relação ao ano anterior”, afirma Cendra. Todas as rotas analisadas apresentam quedas anuais nas tarifas médias, algumas bastante acentuadas, como Chile (-50,3%), Brasil (-25,3%) e Argentina (-24,9%). Quedas mais moderadas também são observadas na Colômbia (-14,4%), México (-9,2%) e Peru (-8%).
"Fatores geopolíticos estão influenciando esse comportamento atípico, o que representa uma oportunidade para estimular as visitas dos EUA à América Latina no final de 2025." De acordo com o especialista da Mabrian, "isso também está ajudando a impulsionar o turismo emissor, tanto doméstico quanto regional".
Por outro lado, as tarifas nas rotas que conectam a América Latina à Europa estão aumentando em quase todos os mercados. Os aumentos anuais mais moderados foram observados no Peru (+2,4%), Chile (+2,5%), Argentina (+4,4%) e Uruguai (+4,5%), enquanto os aumentos mais significativos foram observados na Colômbia (+13%) e no México (+16,5%). O Brasil é o único país a contrariar essa tendência, com uma queda de -6,5% nas tarifas médias para a Europa.
Fonte: Mabrian.