Reconhecida como o principal evento de turismo e viagens B2B da América Latina, a WTM Latin America foi inaugurada oficialmente nesta segunda-feira (14 de abril), no Expo Center Norte, em São Paulo (SP), oferecendo conhecimento de alto nível, geração de negócios e networking qualificado.
Diante de um auditório lotado de autoridades e profissionais de diversas áreas e países, Bianca Pizzolitto, Event Leader da WTM Latin America, conduziu a cerimônia de abertura, destacando a intersecção entre inovação e humanização que permeia esta edição. “As tecnologias evoluem e transformam, mas o que nos torna humanos — como o desejo de pertencer, de nos emocionar, de descobrir coisas novas — é insubstituível”, argumentou.
Para testar essa premissa, ele abriu sua palestra com uma reflexão criada e falada por inteligência artificial com base em pensamentos que ele compartilhou com a plataforma, enfatizando que a tecnologia pode e deve ser usada para promover ideias. Podemos falar sobre inteligência artificial, tecnologia, novas ferramentas e negócios que podem ser realizados com apenas alguns cliques. Mas no centro de tudo isso, ainda há pessoas, histórias e o desejo humano de se conectar, trocar e se envolver com outras pessoas. "É maravilhoso ver que, mesmo em um evento que aspira ser cada vez mais tecnológico, a essência da WTM Latin America continua sendo criar encontros, fomentar conexões, incentivar experiências e experimentações e celebrar a diversidade e a inclusão", acrescentou.
Por outro lado, no segundo dia da feira, a psicanalista Patrícia Braz refletiu: “O objeto é apenas um objeto até adquirir significado emocional”. Assim, ele iniciou uma palestra que conectou o público com o tema central da WTM Latin America 2025: “Onde a tecnologia encontra o toque”. Em meio a tanto debate sobre inteligência artificial, automação e dados, Patrícia ofereceu uma perspectiva essencial: nenhuma tecnologia, por mais avançada que seja, é capaz de replicar a complexidade da experiência subjetiva humana.
Em seu discurso, ele enfatizou que escolhas relacionadas ao turismo, como viagens ou hospedagem, vão muito além de atributos racionais. "Quando falo de conforto, refiro-me à lembrança da minha infância, às reuniões familiares, ao cheiro, à recepção tranquila. Isso não é algo que se aprende em um livro didático; é sensorial", explicou. Segundo o psicanalista, nossas decisões são movidas por projeções, desejos e emoções — um campo simbólico profundo e único onde verdadeiros vínculos são formados.
Então, embora a tecnologia simplifique os processos, o que realmente move os consumidores é o desejo de conexão, e somente os humanos podem proporcionar isso. “Não há dados que possam tabular como as pessoas se sentem subjetivamente”, disse ele. No setor de tecnologia, Dai Dunka, chefe de viagens e fidelidade do Google, reforçou um investimento crescente em ferramentas de viagem para se conectar com consumidores que fazem perguntas cada vez mais complexas.
Ele observou que a plataforma registra 130 milhões de buscas mensais no Brasil somente para viagens, das quais 53% são buscas genéricas. "Isso significa que não há uma marca específica; os consumidores estão explorando as possibilidades", ele alerta, destacando o aumento nas buscas por viagens em família e roteiros terrestres. Em termos de dias, Dai destacou que as buscas exploratórias — quando as pessoas tentam entender algo sobre a viagem para tomar uma decisão de compra — ocorrem mais aos domingos, enquanto as buscas comerciais — buscas ativas por pacotes, passagens e acomodações — são divididas entre segundas e sextas-feiras.
No painel Simplificando a Inteligência Artificial, especialistas destacaram a importância de priorizar a ética, a governança e a perspectiva humana. Para Paulo Henrique Assis Feitosa, professor doutor da USP, pesquisador visitante do IPEA e especialista em economia, inovação e desenvolvimento turístico, o uso responsável da IA começa com a coleta de dados alinhada à LGPD e envolve decisões algorítmicas supervisionadas por humanos para evitar vieses e estereótipos. Ele enfatizou que a tecnologia veio para ficar, mas deve ser usada com consciência e boas práticas.
Fonte: WTM Latin America.