Com base numa abordagem de dinâmica de sistemas, o relatório identifica quatro cenários principais que projetam possíveis trajetórias para o impacto da IA no consumo de eletricidade.
O relatório "Inteligência Artificial e Eletricidade: Uma Abordagem de Dinâmica de Sistemas", elaborado por Rémi Paccou, diretor do Instituto de Pesquisa em Sustentabilidade da Schneider Electric, e pelo professor Fons Wijnhoven, professor associado da Universidade de Twente (Holanda), examina a relação entre IA e a procura de electricidade na próxima década. Este modelo de dinâmica de sistemas explora diversos cenários com o objetivo de compreender os fatores complexos que moldam o futuro do consumo de energia, destacando estratégias e políticas sustentáveis para mitigar o impacto ambiental da IA.
Quatro cenários possíveis para o impacto da IA
Os autores propõem quatro cenários que não devem ser entendidos como previsões, mas como ferramentas para analisar possibilidades futuras:
Cenário de IA Sustentável
Este cenário propõe uma integração harmoniosa entre tecnologia e meio ambiente. A IA posiciona-se como uma ferramenta fundamental para otimizar a eficiência energética em data centers, utilizando fontes renováveis, eletrificação da procura e gestão inteligente de redes. Graças à adoção de algoritmos e hardware eficientes, o avanço tecnológico é equilibrado dentro dos limites planetários, mostrando que a IA pode ser parte da solução para os desafios energéticos.
Limites ao Cenário de Crescimento
Aqui, o desenvolvimento da IA enfrenta barreiras significativas, como escassez de energia, dados e materiais, bem como restrições regulamentares. Estas limitações retardam o avanço tecnológico, criando incompatibilidades nas cadeias de valor e exigindo regulamentações mais rigorosas que alinhem o progresso da IA com os objetivos de sustentabilidade globais.
Cenário de Abundância Sem Fronteiras
Este cenário reflecte o crescimento descontrolado da IA impulsionado por melhorias na eficiência energética que, paradoxalmente, aumentam o consumo total de energia. A falta de governança na expansão tecnológica agrava problemas como a concentração de poder, a geração de lixo eletrônico e a superexploração de recursos, dificultando os esforços de descarbonização.
Cenário de crise energética
Prevê-se um cenário de crise em que o crescimento acelerado e descoordenado da IA provoca conflitos entre a sua procura de electricidade e outros sectores económicos críticos. Isto leva à instabilidade operacional, a impactos económicos adversos e à necessidade urgente de regulamentos rigorosos para conter o desequilíbrio energético.
A Schneider Electric destaca que o impacto da IA no consumo de energia dependerá das decisões tomadas hoje pelos governos, pelas empresas e pela sociedade. O relatório, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa em Sustentabilidade, busca estimular reflexões e ações concretas que equilibrem o avanço tecnológico com os limites planetários.
A Argentina, com a sua abundância de energias renováveis, como a solar e a eólica, e medidas como o Regime de Incentivos ao Grande Investimento (RIGI), tem a oportunidade de liderar em infra-estruturas tecnológicas sustentáveis e atrair investimentos internacionais.
A procura global por serviços em nuvem e a necessidade de reduzir a pegada de carbono realçam a importância dos centros de dados sustentáveis. As principais decisões em matéria de investimento, regulação e desenvolvimento de talentos serão decisivas para posicionar o país na revolução tecnológica liderada pela IA.
Fonte: Schneider Electric