Digitalização de processos e transformação digital: porque são diferentes e o que as empresas devem saber

Ambos os conceitos têm significados muito diferentes e confundi-los pode levar a mal-entendidos e, na pior das hipóteses, a decisões estratégicas erradas

(Source: Pexels)

Na era atual, onde a tecnologia avança a passos largos, é comum ouvir termos como “digitalização de processos” e “transformação digital”. Embora sejam frequentemente utilizados como sinónimos, a realidade é que representam conceitos diferentes com implicações cruciais para as empresas. Segundo os especialistas, confundi-los pode levar a mal-entendidos e, na pior das hipóteses, a decisões estratégicas erradas.

“A transformação digital não é desenvolver uma aplicação, nem estar presente nas redes, nem é digitalizar um processo que vem do mundo físico, nem é desperdiçar papel. de alguma coisa. A transformação digital é muito mais profunda, é uma mudança radical na forma de fazer negócios", explica Gastón Gugliotta, gerente geral da Streambe, empresa especializada em soluções tecnológicas para a melhoria de processos e a transformação digital das empresas.

Gugliotta esclarece que “é claro que hoje a transformação está intimamente ligada à tecnologia, mas isso não significa que deva adaptar meu negócio a uma nova tecnologia; antes, é o contrário. ele, sempre."

As estatísticas apoiam a crescente relevância da transformação digital no cenário empresarial. A IDC observou que o investimento direto na transformação digital atingirá 7 biliões de dólares com uma CAGR de 18% até ao final de 2023. Além disso, o tamanho do mercado de transformação digital deverá crescer a uma CAGR de 19,1%, atingindo 127,5 mil milhões de dólares em 2026, de acordo com Mercados e Mercados. O Fórum Económico Mundial prevê que a transformação digital acrescentará 100 biliões de dólares à economia global até 2025.

O benefício da transformação digital, segundo Gugliotta, vai além dos aspectos tangíveis: “É difícil falar em benefícios, para mim é uma necessidade urgente, porque se você não transformar, você ficará fora da concorrência”. Com a velocidade das mudanças, Gugliotta destaca que os processos de transformação digital que antes ocorriam a cada década agora acontecem a cada dois anos, o que ressalta a urgência e a evolução constante no ambiente de negócios.

Transformação digital no transporte

O Transporte Automotivo de Cargas (TAC) desempenha um papel crucial na Argentina e representa impressionantes 93% das cargas interurbanas, superando outros meios de transporte como o ferroviário (4%) e o hidroviário (3%), segundo dados do Inter-American. Banco de Desenvolvimento (BID).

No entanto, apesar da sua importância, o TAC enfrenta desafios significativos em termos de eficiência e otimização. Uma delas é a vacância: os caminhões viajam vazios 50 ou 60% do tempo, segundo a mesma pesquisa do BID.

Outro fator que reduz a produtividade do setor é a incorporação limitada de novas tecnologias na gestão logística, ou seja, a digitalização insuficiente.

“Desenvolvemos nosso Índice de Digitalização de Transportes (IDT), criado a partir de uma pesquisa com 335 transportadoras argentinas de diferentes tamanhos e localidades em todo o país, e descobrimos que em termos de transformação digital, apenas 5% das empresas fazem uma diferença significativa na eficiência e segurança operacional”, afirma Diego Bertezzolo, cofundador e CEO da Avancargo.

Ou seja, a maioria das operadoras ainda combina processos manuais com níveis básicos de digitalização. Além disso, coexiste com outro problema significativo: a esmagadora papelização da indústria.

“Na Avancargo temos uma tese clara: digitalização é simplificação. Entendemos a transformação digital como um meio de simplificar processos em toda a cadeia logística. E, por isso, temos o propósito de tornar a logística mais eficiente através da tecnologia em todos os níveis e com objetivo de impacto econômico, social e ambiental” menciona Bertezzolo.

Desenvolver o canal B2C para alcançar empreendedores

Outro caso é o da Citratus, empresa familiar dedicada à fabricação e comercialização de fragrâncias para as indústrias de cosméticos, perfumaria fina, aromatização e limpeza, presente no mercado argentino há mais de 20 anos, e no México desde 2020.

Em 2019, a empresa aderiu à transformação digital lançando o Be-e para promover a venda de fragrâncias através do e-commerce, uma forma inovadora de comercializar um produto industrial para pequenos empreendedores que não tinham acesso a produtos de alta qualidade.

A Be-e comercializa as mesmas essências que a Citratus comercializa industrialmente, mas com embalagens diferenciadas e por meio de e-commerce. Tornou-se “a primeira marca na Argentina a vender essências concentradas por meio desse canal”, afirma Valeria Henn, fundadora e sócia-gerente da Be-e.

“A digitalização do nosso trabalho nos permite vender essências aromáticas em nosso site e estar em contato permanente com empreendedores de todo o país”, afirma Henn.

O grande desafio era vender os aromas à distância, por isso criaram um sistema de envio de tiras olfativas por correio, que também anexavam na compra de qualquer embalagem, para que os seus clientes pudessem descobrir outras fragrâncias. E as métricas do comércio eletrónico comprovam o seu impacto. Em 2023 vendeu 30% mais que no mesmo período do ano anterior.

Transformação digital no futebol: financiamento de clubes através da tokenização

Tokenizar significa levar um ativo do mundo real para o digital usando a tecnologia blockchain. Quer seja a totalidade desse bem ou uma fração dele, o objetivo é emitir um token que o represente e seja trocável.

Win Investments é uma plataforma espanhola criada por dois argentinos que tokeniza os direitos esportivos dos jogadores de futebol para que os clubes formadores consigam financiamento e, ao mesmo tempo, qualquer pessoa possa participar do mercado de transferência de jogadores.

Dentro do mercado global de transferências, o país que mais exporta talentos do futebol é o Brasil com 2.061 transferências por US$ 843 milhões em 2022. O segundo é a Argentina, com 1.004 transferências por US$ 380 milhões. Até agora, esse volume de dinheiro era distribuído entre os clubes mais ricos e importantes, sendo os mais rebaixados os clubes formadores e os próprios jogadores.

O modelo de digitalização já está sendo utilizado por instituições como o Argentinos Jrs e o CAI do Comodoro Rivadavia (primeiro clube do país a utilizar o sistema) e, a partir de maio, os tokens de 27 jogadores do Club Atlético Independiente de Avellaneda, um dos 5 grandes do futebol argentino.

“Acreditamos que democratizar o acesso para que os adeptos do futebol possam apoiar os seus clubes é essencial para tornar o desporto mais transparente”, explica Valentin Jaremtchuk, CEO e cofundador da Win Investments. E acrescenta: “O Win é o veículo para que qualquer pessoa possa financiar com segurança o clube do qual é torcedor”.

O que está por vir: convergência

Em relação às tendências, a Streambe observa a iminência de uma etapa de convergência tecnológica.

"Estamos entrando numa fase de convergência das tecnologias atuais. Embora atualmente as percebamos como tendências tecnológicas independentes, elas estão começando a se fundir", diz Gugliotta, que por sua vez antecipa que "nos próximos anos, veremos uma convergência que não não implica a chegada de tecnologias completamente novas, mas a unificação das existentes”.

Segundo Gugliotta, a convergência tecnológica obrigará a que se preste especial atenção a aspectos cruciais como a privacidade e a segurança da informação. “O volume de dados resultante desta convergência ficará localizado em diversos ambientes, o que nos levará a uma maior responsabilidade na gestão da privacidade e da segurança da informação. As empresas de segurança informática terão um papel fundamental neste cenário”, destaca.

Fonte: Agência Vox.

 


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