Turismo de Mato Grosso do Sul presente na WTM Londres 2023

No âmbito deste evento, Bruno Wendling, Presidente da Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul, conta como mudou a história do turismo no estado mais rico do centro-oeste do Brasil

(Source: Mary de Aquino.)

“Recebemos um milhão de turistas por ano, nós não somos um turismo de massa, nós somos um turismo altamente segmentado. Então não são números próximos de destinos de massas grandiosos, mas para destino especializado é uma taxa de ocupação muito boa. Queremos continuar crescendo e com a taxa média de ocupação um pouco maior e aumento nos gastos, e não crescer muito fluxo", Bruno Wendling.

O turismo movimenta uma receita de 400 milhões de dólares por ano para o Mato Grosso do Sul, segundo dados da Fundtur.

O Mato Grosso do Sul já fez parte do estado do Mato Grosso, desmembrado há 46 anos, e hoje tem mais ou menos o tamanho da Alemanha.

O estado foi desenvolvido pelos árabes (sírios e libaneses), japoneses e paraguaios, há oito etnias de tribos indígenas: Guarani, Kaiowá, Terena, Kadwéu, Kinikinaw, Atikun, Ofaié e Guató, principalmente na região de Dourados e Aquidauana, que é a cidade que abriga a vinícola mais visitada do momento, a Terroir Pantanal.

A Fundtur e o Instituto Vivejar realizaram no ano passado e neste o projeto "Pontes para ao turismo de Base Comunitária no Mato Grosso do Sul" em 5 aldeias indígenas, a primeira das 4 etapas previstas no projeto, que é uma preparação para o campo turístico dentro das aldeias indígenas do estado, que capacita a população local. Portanto, em breve será possível esse turismo de experiência indígena no Mato Grosso do Sul.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os indígenas sul-mato-grossenses correspondem a 4,22% da população, sendo 116.346 mil pessoas, presentes em 32 territórios.

O MS como é conhecido, é banhado por rios como o Paraná, Paraguai, Miranda, Aquidauana, Rio Pardo e faz fronteiras com o Paraguai e a Bolívia. Muito conhecido por destinos turísticos como o Pantanal, Bonito e Bodoquena.

Campo Grande é uma das capitais mais arborizadas do Brasil, organizada, com espaços largos, possui o lindíssimo Parque das Nações Indígenas, onde fica o Bio Parque Pantanal, que foi inaugurado no ano passado, e já é o maior aquário de água doce do mundo. Dentro do parque também fica o Museu das Culturas Dom Bosco, com espaço interno contemporâneo, e com um acervo de povos riquíssimo, impressiona pela preservação, cuidado e capacitação dos monitores.

Na capital sul-mato-grossense há um aeroporto internacional, e muitas pistas de pousos para aviões menores em muitas cidades e fazendas, já que é um estado onde a maior economia é o agronegócio, é natural que os fazendeiros tenham os seus aviões.

A gastronomia popular é celebrada na Feira Central, com restaurantes que é possível degustar o sobá, prato incorporado na cultura do MS por influência da imigração japonesa. A Casa do Peixe é um restaurante de rodízio de peixes (espécie de menu degustação), o peixe de água doce é típico na alimentação dos indígenas, é uma experiência única, com muitas variações de espécies e receitas. O tradicional Empório Mansur, marca a presença árabe na cultura do estado. São inúmeros restaurantes na capital, que é um polo gastronômico.

Nas padarias a tradicional Chipa Paraguaia, que também é vendida nos semáforos pelos vendedores ambulantes. E a qualquer momento o Tereré, que é erva mate com outras ervas, acrescidas de água gelada, em tempos que precederam a pandemia era uma bebida compartilhada em rodas. O que perdeu o sentido por questões sanitárias. Recomenda-se 3 dias para conhecer a capital.

Se for para o interior é preciso provar churrasco, a carne do jacaré, o caldo de piranha, os doces caseiros das fazendas, e cavalgar entre as belas paisagens que o estado possui. Uma oportunidade de conhecer a diversidade da fauna e flora dos biomas do Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal, e olhar para o céu amplo e quase sempre azul embaixo de um sol escaldante e com diversidade de pássaros imensa.

O turismólogo mineiro Bruno Wendling viu um Mato Grosso do Sul além do agronegócio, vislumbrou a indústria do turismo, e na Fundtur consolidou o ele que acreditou. Transformou o estado que tem o Pantanal e Bonito num destino além das belezas naturais, mas num turismo que abriga a cultura, a gastronomia, e ensina sobre a natureza.

Leia a entrevista com Bruno Wendling abaixo:

Travel2Latam: Você sempre sonhou em trabalhar com Turismo?

Bruno Wendling: Eu nunca pensei no turismo, hotel, o dia que eu vi que o turismo existia foi nas paredes da instituição de vestibular que eu estudava. Até então, eu olhava, viajei muito quando era criança com meus pais, principalmente para a praia, e até menos para o Mato Grosso do Sul. Para você ter ideia, nem conhecia Bonito, fui conhecer Bonito depois quando eu tinha dezoito ou dezenove anos de idade e nem morava mais em Campo Grande, mas conheci o Pantanal, fiz a viagem de trem no Pantanal, então pra mim era viajar, né? Não tinha essa noção, eu só fui conhecer turismo mesmo já na época de entrar para faculdade.

Travel2Latam: Quais as diferenças no turismo do Mato Grosso do Sul antes e depois da sua gestão?

Bruno Wendling:  Quando eu peguei o Mato Grosso do Sul, claro, um estado rico, lindo, com belos destinos já estruturados e consolidados de alguma forma, que era o Pantanal e Bonito, mas sem gestão nenhuma. Sem gestão, sem governança, sem capacidade de articulação entre o trade e o poder público e sem nenhum posicionamento de mercado, ou seja, não havia nenhuma estratégia de turismo no Mato Grosso do Sul naquele momento.

No passado, inclusive quando eu trabalhei quinze anos antes de eu assumir, um pouco menos havia-se um pouco de política, havia-se uma um desenho estratégico, mas eu encontrei algo a ser recomeçado e a gente conseguiu nos primeiros dois anos reestruturar o turismo do Mato Grosso do Sul, reconquistar o trade turístico do Mato Grosso do Sul e começar, às vezes do começo algumas questões de formação de conselho estadual, de lei estadual, até para dar um pouco de legalidade, legitimidade também para o trabalho de governança. 

Hoje o Mato Grosso do Sul é altamente organizado, com capacidade de se posicionar, que conhece o que tem, que sabe o quê pode oferecer, e para quem pode oferecer, e como pode oferecer.

A Fundtur conseguiu ampliar mercados, ampliar o fluxo de turistas, conseguiu captar novos voos, conseguiu implementar uma gestão pública e não só da própria fundação, mas também das regiões turísticas. E hoje eu entendo que serve um pouco de referência do que é gestão pública, o que é gestão de destinos para o nosso país.

Travel2Latam: Qual o top 5 do turismo internacional e nacional hoje no estado do MS? Qual o número anual de visitantes?

Bruno Wendling: Bom, o top 5 de turismo internacional para o Mato Grosso do Sul, primeiro é o Paraguai e a Bolívia, porque nós somos fronteiras. Então são quase 80 mil turistas por ano vindo de carro, então é fácil chegar no Mato Grosso do Sul.

Se você sai do hemisfério aqui da América do Sul e vai para o hemisfério América e Europa, top 5: Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Holanda, especialmente esses países da Europa que são os principais. No momento estamos prospectando muito Argentina, para que haja um crescimento destes turistas.

Top 5 Brasil: São Paulo, claro, disparado! Depois a gente está mesclando entre Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul. Eles vão rateando, Rio de Janeiro, num top 6, e vai modificando às vezes. O top 1 sempre é São Paulo ou via aérea ou via rodoviária.

Em números mais ou menos recebemos um milhão de turistas por ano, nós não somos um turismo de massa, nós somos um turismo altamente segmentado. Então não são números próximos de destinos de massas grandiosos, mas para destino especializado é uma taxa de ocupação muito boa. Queremos continuar crescendo e com a taxa média de ocupação um pouco maior e aumento nos gastos, e não crescer muito fluxo.

Travel2Latam: Como chegar no Mato Grosso do Sul, você falou da Bolívia e do Paraguai que têm fácil acesso por rodovias, e no aéreo?

A rede hoteleira está estruturada para receber o turista?

Bruno Wendling: Bom, de infraestrutura para chegar hoje ao estado está bem tranquilo. Claro que a principal via é Campo Grande, mas você consegue chegar também com voos direto para Bonito, via São Paulo, Congonhas ou via Campinas. Já por Corumbá, que é a região do Pantanal também, você chega por Campinas, voo direto para Corumbá, mas é fácil chegar por Campo Grande também. Afinal, são menos de 300 quilômetros para Bonito, 200 quilômetros chega-se no Pantanal, as estradas são muito boas, então é fácil o acesso.

A rede hoteleira da região é muito rica, diversa e bonita, são mais de 70 meios de hospedagens para todos os gostos, de hostels a resorts.

No Pantanal são as pousadas pantaneiras, que são espetaculares, são fazendas mesmo, que se transformaram ou que adaptaram uma parte da fazenda em pousadas, algumas tem pousadas de luxo no Pantanal, e há também os barcos hotéis. Que são superlegais em Corumbá, altamente estruturados, com piscina, gastronomia de alta qualidade.

Campo Grande, a capital, está pronta para negócios de eventos, pois possui uma estrutura muito boa e diversa.

Travel2Latam: Em setembro você foi um dos premiados no tradicional Skål Internacional São Paulo no quesito destino. Como foi receber esse prêmio?

Bruno Wendling: Eu fiquei muito feliz, embora eu não trabalhe para receber prêmios, mas quando a gente é reconhecido por uma instituição como a Skål que tem quase 70 anos, e você vê os outros 6 premiados, aí você fica feliz porque você sabe que é sério. Que você foi indicado e reconhecido por profissionais do turismo brasileiro, então me sinto feliz.

Nós trabalhamos muito, somos apaixonados por turismo, eu vivo isso há 23 anos, e estar sendo reconhecido pelo meu trabalho, e eu acho que eu sou o mais novo da turma, é motivo de muita alegria.

Travel2Latam: É a primeira vez do estado na WTM London? Como está sendo a feira de negócios? 

O Mato Grosso do Sul está expondo no estande da Embratur, que também preparou um material para o destino voltado para o mercado internacional? Existe também alguma campanha nova de lançamento do próprio turismo do estado do Mato Grosso do Sul? 

Bruno Wendling: É a quinta WTM London da minha gestão. Desde 2017 a gente vem, só não estivemos presentes nos dois anos da pandemia que não teve. A minha particularmente é a terceira, então é um mercado que a gente já conhece bem, o mercado inglês é excelente para o estado, especialmente para a região do Pantanal.

A WTM é a segunda maior feira do mundo, então é bem fundamental que nós estejamos presentes aqui para apresentar os principais destinos, atender operadores europeus, imprensa internacional.

Estamos ativando uma ação bem legal, lançando a Rota Gastronômica Pantaneira - Edição das Águas. É a segunda edição dessa rota que tem objetivo mesmo em promover não só a gastronomia, mas pessoalmente a cultura pantaneira, por meio da gastronomia.

Esses três dias geram uma expectativa boa de auto movimentação e de muita troca de informações para que nós consigamos fortalecer a divulgação dos nossos destinos.

Reportagem e foto: Mary De Aquino


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