Sobrevoando a América Latina e o Caribe: entrevista com o CEO da Embraer Aviação Comercial

A ALTA conversou com Arjan Meijer sobre a recuperação pós-pandêmica da região

(Source: Embraer)

A América Latina e o Caribe em 2022 continuaram sendo a região com a maior recuperação mês após mês, atingindo os níveis de tráfego de passageiros pré-pandêmicos em duas ocasiões.

O ano de 2023 começou com diferentes desafios econômicos e regulatórios que afetam fortemente a indústria e os usuários. Nos dois primeiros meses do ano, observamos uma significativa desaceleração no ritmo de recuperação e, consequentemente, uma queda em relação a outras regiões, especificamente África e Oriente Médio.

O que a região precisa para promover o progresso no caminho da recuperação? Definitivamente competitivo. Regulações eficientes, inteligentes e previsíveis que geram ambientes mais competitivos para operar e oferecer mais e melhores opções aos passageiros. Esta é uma tarefa conjunta entre a indústria e os Estados que promovemos constantemente.

Nesse mesmo sentido, todo o ecossistema da indústria continua fazendo esforços impressionantes e trabalhando alinhados em um mesmo objetivo. Operadoras e provedores trabalhando juntos.

A ALTA conversou com Arjan Meijer, CEO da Embraer Aviação Comercial, que compartilhou sua visão sobre como a aviação na região pode alcançar a recuperação, o papel dos fabricantes de aeronaves e como ela o alcançará de maneira sustentável.

Quais são os objetivos da Embraer na América Latina e Caribe (LAC) para a próxima década?

A América Latina e o Caribe sempre foram uma região importante para a Embraer. Atualmente, há mais de 220 aeronaves da Embraer voando na região. No entanto, acreditamos que o mercado mudou desde a pandemia. Há uma demanda crescente para o nosso segmento, entre 70 e 150 assentos, pois, apesar da recuperação do tráfego, a conectividade na região ainda carece de melhorias. Isso só pode ser alcançado conectando novos destinos aos principais hubs, o que exigirá o tamanho certo da aeronave. As companhias aéreas também devem se concentrar na eficiência e nos aspectos ambientais, e o E2 é a escolha certa para reduzir os custos operacionais e, ao mesmo tempo, ajudar as companhias aéreas a atingir suas metas ambientais. Assim pois,

Como você vê a evolução da frota da aviação comercial na região nos próximos anos?

À medida que as companhias aéreas emergem da maior crise da história da aviação, as vemos buscando maior flexibilidade e eficiência como chaves para o sucesso. Portanto, há uma tendência de substituir os jatos mais antigos por aeronaves de nova geração, mais eficientes. O E195-E2, por exemplo, oferece uma redução de consumo de combustível de quase 30% em comparação com o narrowbody da geração anterior, o que não apenas reduzirá os custos operacionais das companhias aéreas, mas também reduzirá drasticamente suas emissões.

São mais de 250 Jets de nossa categoria com mais de 15 anos de experiência voando na região, prontos para serem substituídos. Acreditamos que o E2 é o substituto mais confortável e eficiente para a frota envelhecida.

A pandemia nos mostrou a importância da flexibilidade. Na América Latina e no Caribe, mais de 80% da frota de jatos de corredor único possui mais de 150 assentos, o que compromete o desenvolvimento da conectividade. Vemos, assim, uma oportunidade para as companhias aéreas introduzirem Jatos com menos de 150 lugares para complementar a sua operação de NBs, o que lhes permitirá abrir novos mercados e tornar a capacidade mais adaptada às flutuações da procura.

Como tem sido a recuperação após a pandemia na ALC? Como a Embraer fechou o ano de 2022 e o que se espera para o ano corrente?

O tráfego aéreo regular da América Latina tem mostrado sua capacidade de recuperação e sua importância na região, apresentando uma recuperação consistente. Segundo a IATA, a América Latina e o Caribe têm sido uma das regiões com recuperação mais rápida. Em 2022, o RPK total na região foi apenas 14,2% menor do que em 2019, logo atrás da América do Norte.

Se considerarmos apenas o tráfego doméstico, a Colômbia e o México já ultrapassaram os números pré-pandemia. O Brasil, maior mercado doméstico, fechou 2022 com 91% do RPK de 2019. Portanto, vemos uma perspectiva positiva para a região.

No entanto, ainda há oportunidades para melhorar a conectividade na região. Nos Estados Unidos, em 2022, 1.050 cidades eram atendidas pela aviação regular, enquanto no Brasil apenas 120 cidades contam com voos regulares e no México, 54.

Essa conectividade só é possível com o desenvolvimento da aviação regional, que aumentará a demanda por jatos entre 70 e 150 assentos na região.

A Embraer entregou 80 jatos no quarto trimestre, sendo 30 comerciais e 50 executivos, completando um forte ano para a Embraer. Em 2022, foram entregues 159 jatos, sendo 57 comerciais e 102 executivos. A Embraer viu o número de aeronaves entregues aumentar 12,7% em relação a 2021, mesmo com limitações significativas na cadeia de suprimentos.

A carteira de pedidos firmes fechou o quarto trimestre de 2022 em 17,5 bilhões de dólares, 500 milhões a mais que no ano anterior. A receita atingiu US$ 2 bilhões no trimestre (53% a mais que no quarto trimestre de 2021) e US$ 4,5 bilhões em 2022, segundo estimativas da empresa.

Em relação ao esperado para 2023, as entregas de 65-70 jatos comerciais, 120-130 jatos executivos, receitas entre 5.200 e 5.700 milhões de dólares, uma margem EBIT ajustada entre 6,4% e 7,4%, uma margem EBITDA ajustada entre 10,0% e 11,0%, e fluxo de caixa livre ajustado de US$ 150 milhões ou mais para o ano.

Que lugar a LAC tem para a Embraer?             

A América Latina sempre foi uma região importante para a Embraer, não apenas pela nossa herança, já que estamos sediados no Brasil, mas também porque nossas aeronaves atendem às necessidades da região. A capacidade adequada de assentos e os custos operacionais mais baixos ajudam as companhias aéreas a desenvolver suas redes de maneira lucrativa e oferecer suporte à conectividade na região.

Atualmente são 231 aeronaves da Embraer, voando em 27 companhias aéreas de 17 países da América Latina e Caribe. Essa frota representa cerca de 10% do total de aeronaves da Embraer em serviço e mais de 20% da frota de E190/E195.

A Azul é a maior operadora do E195 e cliente de lançamento do E195-E2 e estamos confiantes de que a demanda na América Latina e no Caribe aumentará tanto para o E1 quanto para o E2.

A sustentabilidade é uma prioridade. Qual a contribuição da Embraer para o alcance das metas ambientais do setor?

A Embraer reconhece a urgência da crise climática e está comprometida com um futuro sustentável. Já demos grandes passos. Nossas aeronaves E2 mais recentes reduzem o consumo de combustível em 30% em relação às aeronaves anteriores. Trabalhamos com Combustíveis Sustentáveis ​​(SAF) há mais de 10 anos e no ano passado realizamos um teste com a Pratt and Whitney, nossa parceira de motores, que mostrou que o E2 pode voar 100% SAF.

Olhando para o futuro, a indústria precisa desenvolver novos sistemas de propulsão e combustíveis para lidar com a crise climática. Como líder mundial em jatos regionais, a Embraer está posicionada de maneira ideal para levar tecnologias disruptivas primeiro para aeronaves menores, já que os jatos regionais serão as primeiras plataformas nas quais novos sistemas de combustível e propulsão poderão ser efetivamente introduzidos.

O projeto Embraer Energia explora uma série de conceitos sustentáveis ​​para transportar até 50 passageiros. O projeto está considerando uma série de fontes de energia, propulsão e arquiteturas de fuselagem para reduzir as emissões de carbono em 50% a partir de 2030, um passo fundamental em nosso objetivo de sermos neutros em carbono até 2050.

A Embraer também está colaborando estreitamente com as principais universidades e instituições acadêmicas para superar os desafios de coleta, armazenamento e gerenciamento térmico de energia, além de explorar novas maneiras de simplificar as operações de negócios com clientes e governos globais.

Como você vê o trabalho com a ALTA?

A ALTA trabalha em estreita colaboração com todas as partes interessadas do setor, desde companhias aéreas, aeroportos, fabricantes de equipamentos originais e reguladores, buscando as melhores práticas e regulamentações que possibilitem o crescimento da aviação na região. Ouça as necessidades da indústria aérea e de seus membros. Durante a pandemia foi uma importante voz em defesa da aviação. Na Embraer, valorizamos e apoiamos as iniciativas da ALTA na América Latina e no Caribe e continuaremos a trabalhar de perto para ajudar a aviação a prosperar na região.


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