Estruturando o turismo com base em diagnósticos territoriais, o Palco Meeting do primeiro dia do Meeting Festuris, realizado no Serra Park, em Gramado (RS), Aline Miranda apresentou a palestra “Da estratégia ao mercado: diversificação da oferta turística de roteiros e produtos turísticos”. Segundo a gestora de projetos de turismo do Sebrae-SC, a metodologia aplicada, chamada ART, nasce da necessidade de transformar o que antes eram apenas ideias ou potenciais turísticos em produtos comercializáveis e sustentáveis.
Miranda explicou que o ponto de partida é o diagnóstico DTI (Destinos Turísticos Inteligentes), que avalia o estágio de desenvolvimento de cada território. “O primeiro passo é entender o território. Depois, estruturamos a governança local, juntando todos os parceiros e setores envolvidos”, destacou.
A força da governança local
A governança é uma das etapas mais desafiadoras do processo. Aline ressaltou que o trabalho envolve o engajamento de prefeituras, empreendedores, entidades e o terceiro setor. “Cada território tem grupos de trabalho – os GTs –, voltados para temas como gastronomia, turismo rural, turismo de aventura e promoção. Esses grupos são o coração do processo”, afirmou a gestora.
Ela lembrou ainda que o Sebrae atua para garantir a regulamentação e a segurança dos produtos turísticos. Um exemplo é o trabalho realizado em Praia Grande, que contou com a participação do Ministério do Turismo e de órgãos reguladores, consolidando a formalização das atividades turísticas locais.
De roteiros a produtos turísticos
A transformação das vocações locais em produtos foi ilustrada com cases de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Criamos catálogos de roteiros e experiências, desde hospedagem e gastronomia até o artesanato associado ao turismo. É um dos projetos mais bonitos que já vimos, com artesãs produzindo peças inspiradas na história e na natureza local”, contou Miranda.
Entre os destaques, ela citou o Rio do Boi, uma experiência de ecoturismo reconhecida nacionalmente, localizada no Geoparque de Santa Catarina, e que integra o portfólio do projeto Feel Brasil, voltado a experiências de turismo sustentável.
Sustentabilidade que impulsiona territórios
A metodologia ART considera a sustentabilidade em cinco dimensões — econômica, ambiental, social, cultural e político-institucional. Para Aline Miranda, o impacto vai além do turismo. “Precisamos garantir que o projeto continue por mais tempo e traga benefícios reais para o território. Sustentabilidade também é financeira e social”, reforçou.
Ela destacou a importância de capacitar a comunidade local para que se torne multiplicadora do turismo: “Quem vive no território precisa saber o que tem ali. Muitas vezes, o primeiro contato do turista é com o morador, e ele deve ser um embaixador do seu destino”.
Do planejamento à comercialização
Após a fase de estruturação, o Sebrae-SC investe na promoção e comercialização dos produtos, aproximando pequenos empreendedores de operadoras e marketplaces de turismo. “Nosso foco é B2B, mas também trabalhamos o B2C. Criamos oportunidades para que os negócios se apresentem em feiras nacionais e internacionais, participem de rodadas de negócios e ganhem visibilidade real no mercado”, explicou Miranda.
O Sebrae tem levado empresas catarinenses a eventos como a WTM e o Festuris, estimulando o networking e a integração entre destinos e agentes de viagem. “É gratificante ver nossos produtos sendo negociados e reconhecidos pelo mercado. São três anos de trabalho que já estão rendendo frutos em todo o Brasil”, concluiu.
O turismo que nasce do território
A fala de Aline Miranda no Meeting Festuris sintetizou o novo olhar sobre o turismo no país: um turismo feito por quem vive o território, que valoriza as experiências locais e fortalece economias regionais. Com a metodologia ART, o Sebrae-SC mostra que planejamento, governança e inovação são pilares para transformar o potencial dos destinos brasileiros em realidades sustentáveis e inspiradoras.
Reportagem: Mary de Aquino.
Foto: Cedidas pelo Festuris.