2025 Global Meaningful Travel Summit reforça turismo sustentável na Tailândia

Bangkok e Krabi recebem líderes mundiais para debater inovação, impacto social e educação transformadora no setor. No último dia 8, no Varana Hotel em Krabi ocorreu a primeira sessão educativa do summit

(Source: Mary de Aquino.)

De 7 a 13 de setembro, a Autoridade de Turismo da Tailândia (TAT), em parceria com a Tourism Cares, promoveu em Bangkok e na província de Krabi o 2025 Global Meaningful Travel Summit. O encontro reuniu especialistas, executivos, acadêmicos e organizações comunitárias para discutir como o turismo pode gerar impacto positivo, proteger culturas e territórios e, ao mesmo tempo, fortalecer a economia e a inclusão social.

Embora Bangkok não seja uma província, mas sim uma área administrativa especial, a cidade se consolidou como palco ideal para encontros globais desse porte, enquanto Krabi trouxe o olhar das comunidades locais, com foco em turismo sustentável e regenerativo.

Greg Takehara: turismo e transformação significativa

O norte-americano Greg Takehara, CEO da Tourism Cares desde 2019, abriu as sessões educativas ressaltando o papel transformador do turismo. Com mais de 35 anos de carreira, Takehara já presidiu a Trip Mate, Inc. e integrou conselhos de entidades como a U.S. Travel Association, a NTA e a IGLTA Foundation.

“A Tailândia é conhecida como a terra dos sorrisos, mas sob esse sorriso existe uma seriedade sobre sustentabilidade e turismo comunitário”, afirmou Takehara.

O executivo destacou ainda que os summits da entidade não são conferências para assistir, mas experiências para compartilhar:

“Summitamos juntos porque sabemos que o turismo tem o poder de mudar o mundo.”

Chiravadee Khunsub: turismo regenerativo como bússola

A vice-governadora de Marketing Internacional da TAT, Chiravadee Khunsub, deu as boas-vindas aos participantes com uma mensagem clara: a Tailândia busca alinhar crescimento econômico à responsabilidade ambiental.

“Temos admirado nossa beleza natural, mas também nos conectamos com o coração das comunidades, ouvindo suas histórias e aprendendo com sua sabedoria. Isso nos lembra porque estamos aqui: inspirar, aprender e agir”, disse Khunsub.

Ela enfatizou que sustentabilidade não é discurso, mas prática no país. Iniciativas como turismo comunitário, eliminação de plásticos descartáveis em parques nacionais e estímulo a hotéis carbono zero já fazem parte da estratégia.

Thon Thamrongnawasawat: ciência marinha e legado em Krabi

O cientista marinho Thon Thamrongnawasawat, professor da Universidade Kasetsart, trouxe um alerta direto:

“Krabi e Bangkok podem afundar sob a água se o aquecimento global continuar. Precisamos agir antes que seja tarde demais.”

Comunicador e autor de mais de 50 livros, Thamrongnawasawat relatou projetos locais de impacto, como a recuperação de tartarugas monitoradas por satélite, a repopulação de tubarões em Maya Bay e a restauração de corais.

“Mass tourism destruiu Maya Bay, mas a natureza nos deu uma segunda chance. Hoje já contamos mais de 250 tubarões na baía.”

Siripakorn Cheawsamoot: sustentabilidade em áreas designadas

Diretor-geral da DASTA e conhecido como Director Tan, Siripakorn Cheawsamoot destacou a evolução do turismo tailandês, que passou do luxo tradicional para a sustentabilidade consciente.

“Transformamos a letra ‘L’ de luxury para ‘low carbon’ — ilhas de baixo carbono e com menor impacto negativo.”

Ele explicou ainda o papel integrado das instituições: a DASTA desenvolve áreas sustentáveis, a TAT promove destinos e o Departamento de Turismo regula políticas.

Ewan Cluckie: transparência econômica e impacto social

O cofundador da Tripseed, Ewan Cluckie, apresentou a Economic Distribution Disclosure Initiative, ferramenta que rastreia como o dinheiro do turismo é distribuído.

Em tours analisados em Chiang Mai, descobriu-se que apenas uma fração dos lucros chegava às comunidades locais. A solução foi criar um “rótulo nutricional” para pacotes turísticos, mostrando de forma clara quem se beneficia financeiramente.

“Transparência não é apenas ética, é negócio inteligente”, afirmou Cluckie.

Vincie Ho: educação como pilar do turismo consciente

Fundadora e diretora executiva do RISE Travel Institute, a educadora Vincie Ho defendeu que não é possível transformar o turismo sem educar viajantes e profissionais.

“A maioria dos viajantes não pretende causar danos, mas muitos agem sem sensibilidade cultural e sem consciência das dinâmicas de poder. Educação é a infraestrutura para o turismo significativo.”

Com doutorado em direitos humanos e experiência como professora na Antioch University, Ho destacou programas do RISE, como treinamentos em neutralidade de carbono e justiça climática.

“Imaginemos um mundo em que 10% dos viajantes sejam conscientes e informados. Comunidades terão mais agência, culturas serão respeitadas e ecossistemas preservados.”

Kelly Galaski: conexão com comunidades globais

Especialista em turismo sustentável da Planeterra, Kelly Galaski apresentou a rede global de turismo comunitário que integra cerca de 500 iniciativas, sendo 200 já conectadas ao mercado turístico internacional.

Os resultados são expressivos: 81% das comunidades relatam melhor acesso à educação, 77% ampliaram a capacidade de fornecer alimentação e transporte e 71% registraram avanços na igualdade de gênero.

“Um simples passeio de caiaque ou uma refeição comunitária pode gerar impactos econômicos e sociais significativos”, destacou Galaski.

Painel “Destination Stewardship in Krabi”: turismo sob a perspectiva local

O painel reuniu líderes e especialistas que vivem a realidade da região, com mediação de Sobhana (Tippi) Sucharitakul, da TAT. A conversa enfatizou o papel das comunidades, o planejamento inclusivo e a preservação ambiental.

Krabi como lar antes de destino turístico

Wichupan Srisanya, ex-presidente da Krabi Hotel Association e vice-presidente do Tourism Council of Thailand, trouxe a perspectiva de quem nasceu e cresceu em Krabi.

“Nosso compromisso sempre foi tornar Krabi um lugar bom para quem vive aqui primeiro. Se a nossa casa é habitável e saudável, os visitantes terão a melhor experiência.”

Com mais de 6 milhões de visitantes anuais, diante de uma população de apenas 400 mil habitantes, hotéis se uniram em práticas coletivas para reduzir desperdício e gerir resíduos.

Comunidade como protagonista

Sakaowrat (Bah) Wansuk, nascida em Krabi, mostrou como o turismo comunitário pode gerar impacto local e ambiental positivo. No vilarejo de Hau, redes de pesca descartadas foram transformadas em bolsas recicladas.

“Além de reduzir o impacto ambiental, 10% da renda dessas vendas é revertida para a conservação dos manguezais, que são vitais para nossa sobrevivência.”

Planejamento responsável e políticas inclusivas

Panot Pakongsup (Tung), da Thai Responsible Tourism Association, reforçou a importância da educação e envolvimento da comunidade desde o início.

“Não importa o quão boas sejam as políticas do governo; se a comunidade local não participa desde o início, o resultado pode ser desastroso.”

Ele citou projeto com a Universidade Prince of Songkla, que capacitou comunidades a gerir empreendimentos turísticos de forma responsável.

Stewardship como herança cultural

Sobhana (Tippi) Sucharitakul lembrou que o cuidado com a terra e com as pessoas faz parte do DNA de Krabi.

“Herdamos de nossos antepassados o senso de pertencimento e de respeito à natureza. O turismo precisa ser construído a partir dessa base.”

O primeiro dia de sessões educativas foi encerrado com workshop conduzido por John Sutherland, Director of Community Impact na Tourism Cares, que apresentou ferramentas para engajar viajantes e operadores de forma sustentável, incluindo o Meaningful Travel Map e treinamentos de impacto comunitário.

Reportagem e foto: Mary de Aquino


 


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